domingo, 7 de agosto de 2011

A resistência Artística

Após o golpe de 1964, duas frentes emergiram na MPB. De um lado, os representantes da Jovem Guarda como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, que, influenciados pelo Rock and Roll dos anos 50 e 60, faziam grande sucesso, principalmente com música como     ”Quero que vá tudo para o inferno”, “Calhambeque” e “Festa de Arromba”. Praticamente no auge da ditadura o conteúdo das músicas da Jovem Guarda mostrava uma falsa rebeldia, o que não agradava ao movimento estudantil e aos militares de esquerda.

 ( música de Roberto Carlos " Quero que  vá tudo  para o inferno")

(música de Erasmo Carlos "Festa de Arromba")


Do outro lado, uma série de jovens compositores e cantores, seguidores da Bossa Nova, despontavam no cenário nacional, como Chico Buarque e Geraldo Vandré; As letras de suas músicas, chamadas de “canções de protesto”, clamavam contra a ditadura, obtendo, por isso, grande apoio dos estudante e da esquerda

As chamadas "Canções de protesto!"


(Música de Chico Buarque " Apesar de Você", )

(Música de Geraldo Vandré)


Pra não dizer que não falei das flores  
              (Geraldo Vandré)

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria ou viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

 Essa música transformou-se num marco da resistência à ditadura militar basileira,considerada um HINO à União Popular.

Cantores Influentes na Ditadura Militar brasileira

Discografia

Roberto Carlos
Em Ritmo de Aventura
  (1967)


 
01. Eu sou Terrível
02. Como é Grande O Meu Amor Por Você
03. Por isso Corro Demais
04. Você Deixou Alguém a Esperar
05. Do que vale tudo isso
06. Folhas de Outono
07. Quando
08. É Tempo De Amar
09. Você não Serve Pra Mim
10. E Por isso Estou Aqui
11. O Sósia
12. Só vou Gostar de Quem Gosta de Mim
(Eu escolhi esse Albúm, por que particularmente , é o que contém músicas que eu conheço e gosto, por exemplo "Eu Sou Terrivel" e "Como é Grande o Meu Amor Por Você").

http://www.youtube.com/watch?v=vylqYQIBaT8
( Link da Música : "Eu Sou Terrivel")

(Video da Música: "Como é Grande o Meu Amor Por Você")


Músicas Relacionadas ao Regime Militar


Cálice (Chico Buarque & Milton Nascimento)



Como Nossos Pais (Elis Regina / Belchior)


  • Essa Música é realmente linda, e cho que em qualquer epoca, a pessoa que escutar vai se dar conta, de que o Mundo vai ser sempre o mesmo, que os problemas sempre vão estar lá, apenas com nomes diferentes, em periodos diferentes, mas que no final uma geração sempre vai vivencia-los como a anterior . Então como a música diz:

"Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
como nossos pais."

E vamos à Luta (Gonzaguinha)
  
  • Eu  acho que esta musica, retrata um pouco os jovens brasileiros, que viveram durante a Ditadura, que lutaram pelos seus direitos, por um amanhã melhor, sem sencura e com liberdade de escolha. Que enfrentaram passeatas, mortes e até guerrilharam para serem ouvidos, pelos demais que não queriam abrir os olhos.
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão

Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada

Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e contói
A manhã desejada !!


 



Acorda Amor
(Julinho de Adelaide / Leonel Paiva - 1974)
Intérprete: Chico Buarque


Na verdade Julinho de Adelaide é  o proprio Chico Buarque, usando este  pseudônimo
para driblar a censura da epoca.


  • Acorda Amor é um retrato fiel aos fatos ocorridos no período que teve seu ápice entre 1968 (logo após a decretação do AI-05) e 1976 quando, teoricamente, a tortura já não era mais praticada pelos militares. Diversas pessoas sumiram durante este período após terem sido arrancadas de suas casas a qualquer hora do dia ou da noite, e levadas para DOPS e DOI-CODI´s espalhados pelo Brasil. A falta de confiança era tão grande que as pessoas tinham mais medo dos policiais (que seqüestravam, torturavam, matavam e, muitas vezes sumiam com corpos) do que de ladrões. A ironia do compositor é tão grande que, quando os agentes da repressão chegam a casa chamam-se os ladrões para que sejam socorridos.


Principais Cantores Dos Anos Rebeltes
(periodo da Ditadura Militar)




(Roberto Carlos - Em 1968/1969)


(Roberto Carlos - Atualmente)


(Chico Buarque- Em 1968/1969)


(Chico Buarque - Atualmente)


(Wanderléia - Em 1968/1969)


(Wanderléia- Atualmente)


A Resistência Popular e a
Repressão por parte do Governo

A institucionalização do AI-5 e do Estado de Segurança Nacional mudou  o rumo da política no Brasil. Como não havia qualquer possibilidade de se realizar qualquer oposição ao governo, surgiram movimentos de esquerda, constituídos em grande parte por intelectuais e estudante da época, que expandiram  organização de grupos paramilitares (contra militares) que estavam dispostos a enfrentar o governo militar por meio da luta armada. Influenciados pelas experiências socialistas, esses grupos guerrilheiros, que tinha como principais armas ao governo, os assaltos a banco, constantes ataques ao Exército, roubos de armas e libertação de companheiros.



Para acabar com esse ataques, o governo instaurou uma extensa rede repreensiva, comandados pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), as secretarias estaduais de Segurança e seus Departamentos de Ordem Política e Social (DOPS) e as Forças Armadas se unira no combate à oposição. O exército criou duas forças especiais: o Destacamento de Operações e Informações (DOI) e o Centro de Operações de Defesa (CODI), responsável pela Operação Bandeirantes (Oban), que tinha a missão de caçar militares de esquerdas (opositores ao regime militar), quando capturados esse presos eram submetidos a torturas comandadas por especialistas que aplicavam choques elétricos, afogamentos, estupros, pau-de-arara que resultavam em diversos danos físico e psicológicos.
Por terem sido divididas em diversos grupos, as guerrilhas acabaram fracassando e sucumbindo-se a repressão; Apesar de feitos audaciosos como o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, e da liderança de nomes importantes, como o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca e o ex-deputado do PCB Carlos Marighela, não foram capaz de resistir ao forte aparato repressivo. Embora tenham conseguido libertar alguns presos, muitos guerrilheiros foram capturados e mortos em confrontos, inclusive os dois líderes Marighela em 1969 e Lamarca em 1971.


(Cenas do filme "Lamarca" com trilha de Alan James, feito como trabalho para o curso de Composição de Trilhas Sonoras, ministrado por David Tygel no Cinemúsica em 2006).


O ultimo foco comunista no Brasil se encontrava na região do Araguaia, e era formado por representando do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e contava com o apoio da população local, a Guerrilha do Araguaia conseguiu sobreviver, desde 1967, as forças de repressão. Mas em 1975, numa elaborada operação do Exército, 69 guerrilheiros foram mortos, extinguindo, finalmente a resistência pela luta armada.

Em meio a esse Guerra Civil, o governo passava por uma crise política, em 1969. Costa e Silva sofreu problemas de saúde, e teve que se retirar da presidência. Em seu lugar quem deveria assumir seria o vice-presidente, o civil Pedro Aleixo, no entanto, a Alto Comando da Forças Armadas impediu a posse de Aleixo e nomeou para o cargo uma junta de Ministros Militares. Após intensos debates entre a linha dura e a “Sorbonne”, o general Emílio Garrastazu Médici foi indicado para o cargo.
O AI-5




Poucas horas depois da sessão, do dia 13 de dezembro de 1968, um dia depois da afronta do Congresso, os militares aplicaram o Ato Institucional n° 5 (AI-5) e um Ato Suplementar, fechando o Congresso Nacional indefinidamente.
O AI-5 determinava a suspensão de todos os direitos civis e constitucionais, assim, qualquer pessoa poderia perder o direito de voto e ser presa mediante ordem do Poder Executivo. Os meios de comunicações passaram a ser vigiados por meio da censura prévia, isto é, qualquer oposição contrária ao regime era repreendida pelos militares. A justiça passou a ser controlada pelas Forças Armadas, sem a garantia básicas Estado de Direitos, aumentaram as prisões, torturas  e cassações políticas. O decreto AI-5, consolidou a ditadura militar e estabeleceu o Estado de Segurança Nacional.





O governo linha dura de Costa e Silva



O AI-4 estabelecia, também, a eleição para presidente e a elaboração de uma nova Constituição. O general Artur Costa e Silva, líder da linha dura, lança-se para ocupar o lugar de Castelo Branco na presidência; Aprovado pela Arena, Costa e Silva é eleito presidente, mas antes de deixar o cargo Castelo Branco faz aprovar a Lei de Segurança Nacional, adotando severas punições para as ações consideradas desestabilizadoras do regime militar, ou seja, greves, manifestações e oposições políticas.
Em 21 de janeiro de 1967, o Congresso aprova a nova Constituição, legalizando as medidas autoritárias da ditadura e limitando a participação política da oposição e dos setores civis, esta, decisão desencadeou diversas manifestações populares contra a ditadura.








Manifestações







No dia 28 de março de 1968, o aluno secundarista Édson Luís foi morto pelas tropas repressivas durante uma manifestação contra a precária situação em que se encontrava um conhecido restaurante estudantil. Seu enterro transformou-se num dos mais importantes atos contra a ditadura, reunindo cerca de 100 mil manifestante nas ruas do Rio de Janeiro.






No Congresso, os parlamentares (oposição) passaram à crítica as atitudes tomadas contra os civis, denunciando casos de tortura por parte da polícia, que abusava do poder. Em resposta, o governo, não gostou muito, e ameaçou suspender as imunidades parlamentares dos deputados e senadores, enquadrando eles na Lei de Segurança Nacional (criada por Castelo Branco, no final de seu mandato).
E no dia 12 de dezembro de 1968, diante dos acontecimentos, os deputados finalmente afrontaram o poder militar, quando negaram o pedido dos militares para processar o deputado Marcio Moreira Alves. E a conseqüência desse ato contra a ditadura os militares resolveram endurecer ainda mais a ditadura.
Influenciados pela Revolução Cubana, pela Revolução Chinesa e pelo maio de 1968 (o maio de 1968 foi uma manifestação de estudantes franceses que começou como protesto contra o sistema de ensino, e depois transformou-se em uma crítica social e a política tradicional; que difundiu –se por todo o planeta) voltava à tona o movimento estudantil no Brasil. Assumindo uma posição de liderança, os estudantes junto com intelectuais, camponeses e operários, desejam por um fim o regime militar no Brasil. Os Grêmios estudantis e os centros acadêmicos universitários (faculdades) organizavam diversas passeatas e atos; os confrontos com a polícia não demoraram à acontecer : invasões a universidades, teatros e escolas; prisões e agressões a professores, alunos e artistas.
(Continua...)


 

O INICIO DO REGIME MILITAR

 Anos de Chumbo, anos Rebeldes ou até o "dia que durou 21 anos"
Governo de Castelo Branco

Com o golpe militar de 1° de abril de 1964, o presidente João Goulart refugiou-se no Uruguai na tentativa de elaborar um contragolpe e recuperar a presidência. Porém ele não conseguiu, e o contragolpe não ocorreu.
Contando com a ajuda logística dos Estados Unidos  (por causa da Guerra Fria, eles não apoiavam o governo de Jango por suas atitudes comunistas), apoiando-se no lema da “salvação nacional” conta o perigo comunista e prometendo superar a crise econômica, os militares anunciavam a intervenção como sendo passageira e com o intuito  de reorganizar o país.  Só que alguns militares queriam  a linha dura do sistema e a sua manutenção por um longo período. E no dia 9 de abril, os líderes militares do Comando Supremo da Revolução instituíram o Ato Institucional n° 1 (AI-1), que dava ao oficiais o poder de alterar a Constituição, cassar mandatos políticos, suspender os direitos políticos e decretar estado de sítio.
O primeiro paragrafo do AI-1, conforme já observado, mostra a preocupação de legitimar imediatamente o novo regime:
  • "... É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução...A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação... A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma."
Dois dias depois pressionado, o Congresso nomeia o marechal Humberto Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exercito, para completar o mandato do ex-presidente João Goulart. Embora Castelo Branco fizesse parte da linha da Sorbonne (grupo de militares que não apoiavam a manutenção do sistema militar por um longo prazo) e assumisse com um discurso democrático, o I-1 era o primeiro sinal de que ao contrário do programado a intervenção militar poderia durar um longo tempo, adianto a volta  à democracia e ao presidencialismo. A desconfiança de todos aumentou quando os militares adiaram a eleição presidencial de outubro de 1965 para o fim do ano seguinte, o que prorrogou o governo de Castelo Branco até o começo de 1967; quando a oposição venceu em importantes colégios eleitorais, a desaprovação popular e a desconfiança de que os resultados poderiam significar o retorno do populismo os representantes militares, da chamada linha dura, exigiram a intervenção de Castelo Branco.

Marechal Humberto Alencar Castelo Branco




Pressionado, o presidente lançou, em 27 de outubro, o Ato Institucional n° 2 (AI-2), que extinguiu todos os partidos políticos, criando dois novos: o MDB e a Arena; adotando o bipartidarismo, determinou eleições presidenciais indiretas e aumentou o número de cassações política; o novo Ato aumentou a insatisfação de toda a sociedade civil, que queria  retorno da democracia no país, mesmo assim, em 3 de novembro de 1966, foi instituído mais um Ato Institucional n° 3 (AI-3), que endureceu ainda mais o regime militar brasileiro. O decreto AI-3 determinava que fossem indiretas as eleições estaduais e delegou aos governadores a escolha dos prefeitos dos municípios considerados importantes para a segurança nacional, como capital estaduais e os municípios de fronteira.




  
Em 24 de novembro os militares decretaram o AI-4, estabelecendo as normas para a constituição dos dois novos partidos políticos. Os que apoiavam o governo militar se associaram à Aliança Renovadora Nacional (Arena),e a oposição se aliou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Na verdade acabava-se com a oposição dos partidos políticos: enquanto a Arena ficou conhecida como partido do “sim, Senhor”; o MDB, como era pressionado e ameaçado constantemente. Ficou marcado pele frase “acho que sim”.
Ainda neste mesmo me formou-se a Frente Ampla, um movimento que juntava diversas lideranças política como Carlos Lacerda, que por muitos anos criticou o populismo e até apoio o golpe de 1964, agora se aliava ao seus antigos adversários, escrevendo artigos em jornais contra o regime militar, Juscelino Kubitschek e João Goulart também se juntaram a Frente Ampla.

 

 (Continua...)
Livros para Ler :


O  governo de Jânio Quadros
autora: Maria Victoria de Mesquita Benenevides (1993)

Obs: Não achei nenhum comentario, sinopse , nada a respeito deste livro, e como não o li , não posso opinar!

O  Brasil de 1945 ao golpe militar
autor: José Ênio Casalecchi (2002)

Sinopse básica: Vai do período de Vargas até a ditadura militar – período conhecido como República Liberal – e cobre os governos de Dutra, Vargas, Café Filho, Juscelino, Jânio e Jango. Um tempo de renúncias, deposições e morte de presidentes, mas também da urbanização, industrialização, mudança da capital do país e formação de uma classe média poderosa.


O governo Goulart e o golpe de 1964
autor: Caio Navarro Toleto (1982)

Sinopse básica: Busca-se argumentar neste artigo que o movimento político-militar de abril de 1964 representou, de um lado, um golpe contra as reformas sociais que eram defendidas por setores progressistas da sociedade brasileira e, de outro, um golpe contra a incipiente democracia política nascida em 1945.
Palavras-chave: Golpe de Estado; Democracia política; Reformas sociais e econômicas.



Para Assistir :

" Jânio a 24 quadros"
de: Luiz Alberto Pereira (1981- 84 min.)

Critica: Balanço político bem-humorado dos anos 50 aos 80, tendo como grande personagem o ex-presidente Jânio Quadros. Dentro dessa proposta surgem outros elementos da vida política Nacional: Adhemar de Barros, a UNE (União Nacional dos Estudantes), João Goulart, Juscelino Kubitschek, João Figueiredo, Médici, Lula, guerrilheiros, meditadores transcendentais e imagens antológicas como a visita de Juscelino à linha de montagem da Volkswagen, o comício de Jango na Central do Brasil e o levante dos marinheiros em 1964, entremeados com a ascensão e queda do polêmico ex-presidente. A carreira como Governador de São Paulo, a campanha como candidato à Presidência da República pela UDN, a esperança e a promessa de varrer o país, os slogans e as marchinhas, a eleição de seis milhões de votos, a posse numa Brasília recém-inaugurada, a meteórica e desastrada estada na Presidência, o exílio e a volta são narrados por filmes de arquivo, músicas da época e por bem-humoradas cenas de ficção, como a condecoração de Che Guevara e o sequestro de Tio Sam"Jango"
de:  Silvio Tendler (1984- P&B.)

Sinopse: Rodado em 1984, Jango retrata a cerreira política de João Belchior Marques Goulart, presidente deposto pelos militares em 1º de abril de 1964. Na obra, Tendler procurou mostrar a política brasileira da década de 60, desde a candidatura de Jânio Quadros, passando pelo golpe militar, as manifestações da UNE e os exílios. O filme é narrado pelo ator José Wilker e conta com depoimentos de Magalhães Pinto, Aldo Arantes, Raul Ryff, Afonso Arinos e Francisco Julião, entre outros.

Comentário: O filme Jango é excelente! É um dos documentários mais lindos que já assisti. Eu tinha 14 anos de idade, quando o Jango foi deposto. Foi lamentável a sua saída do Poder. Para quem gosta da História do Brasil, aconselho a assistir esse filme, pois ele é maravilhoso, com imagens reais. É um filme com belo primor e acabamento
 

de: Rui Guerra (1964- P&B)

Critica: Ocorre que a história é apenas um aspecto do filme. Salta aos olhos do crítico a maneira de contar essa história e de organizar a matéria social em forma artística. E aí entra o papel do crítico: observar o modo como são articulados forma, matéria e técnica. Quando o diretor d’Os Fuzis está criticando um estilo de se fazer filmes (a linguagem), está colocando em xeque um modelo de sociedade de que esse estilo é expressão.  Há uma articulação entre problema social e problema de estilo e cabe ao espectador crítico desvendar a chave do impasse, que está na História, fora do filme e das salas confortáveis de cinema. Seja como for, o artista nunca pode alienar sua perspectiva crítica. De acordo com Adorno, o pensador aguçado sabe que “a cultura só é verdadeira quando implicitamente crítica, e o espírito que se esquece disso vinga-se de si mesmo nos críticos que ele próprio cria”.

Obs: Como não assisti nenhum destes fimes,peguei apenas comentarios da internet.
"Os fuzis"
(...continuação)

Nesse mesmo ano 1963, Jango o então Presidente, apresentou o Plano Trienal que pretendia, por meio do corte de gastos públicos e da realização de reformas de base (estruturas agrárias, administrativa, bancária, tributária, eleitoral e educacional), reduzir a inflação e a desigualdade sociais.
No entanto as dificuldades econômica em que o Brasil se encontrava, inviabilizou o projeto, ou seja, não deu certo, e as pressões por parte dos empresários, que reclamavam da queda do desenvolvimento econômico e da “esquerdização” do país; o movimento operário exigia a implantação das reformas de base.
A reforma agrária proposta pelo presidente (Jango), também era vista com desgosto pelos latifundiários; nas cidades, diversas   manifestações  e greves agitavam o país, a União Nacional dos Estudantes (UNE) mobilizava os jovens universitários contra o governo , e quartéis militares mostravam-se descontentes com a situação. Nas áreas rurais, uma imensa movimentação de camponeses ligados a grupos católicos e ao PCB reclamava as leis trabalhistas (A CLT de Getúlio Vargas).
Jango, tentando levar à frente o Plano Trienal, apresentou ao Congresso um anteprojeto de reforma constitucional que estabelecia novas discussões acerca do Plano Trienal. Porém, a oposição não concordou com as alterações na Constituição, impedindo as reformas; Sem qualquer força política, Jango solicitou ao Congresso a instalação do estado de sítio. O pedido logicamente foi negado, e desagradou tanto à esquerda  quanto à direita, que temiam um golpe de estado, como Vargas fez; Jango percebendo que tinha deixado as pessoas mais desconfiada a respeito de seu governo, retirou o pedido. Políticos influentes como Carlos Lacerda e Magalhães Pinto (UDN), Ademar de Barros (PSP) e Ildo Meneghetti (PSD) exigiram o impeachment do presidente; Sem o apoio da direita, Jango voltou-se à esquerda. 
Não reprimiu mais as greves. Regulamentou a Lei de Remessa de Lucros para o exterior e tentou organizar um alinhamento político que juntasse o PCB até o PSD, afim de finalmente votar as reformas.   
No Comício das Reformas, realizado em 13 de março de 1964, Jango anunciou a nacionalização das refinarias de petróleo e expropriação de terras às margens de rodoviárias para a implantação da reforma agrária, a regulação do preço dor aluguéis e a criação de uma nova Constituinte. A resposta da UDN. Do PSD e das forças militares ocorreu uma semana depois: uma grandiosa manifestação em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu cerca de 300 á 500 mil pessoas.


 
Declara de interêsse social para fins de desapropriação as áreas rurais que ladeiam os eixos rodoviários federais, os leitos das ferrovias nacionais, e as terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos exclusivos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem, atualmente inexploradas ou exploradas contrariamente à função social da propriedade, e dá outras providências.
—DECRETO Nº 53.700, DE 13 DE MARÇO DE 1964

Declara de utilidade pública, para fins de desapropriação em favor da Petróleo Brasileiro S A - PETROBRÁS, em caráter de urgência, as ações da companhias permissionárias do refino de petróleo.
—DECRETO Nº 53.701, DE 13 DE MARÇO DE 1964 (Decreto da SUPRA)


Tabela os aluguéis de imóveis no território nacional, e dá outras providências.
—DECRETO Nº 53.702, DE 14 DE MARÇO DE 1964













( Marcha da Família com Deus pela Liberdade)








Apesar de conseguir o apoio das massas, Jango viu-se sufocado pela oposição. No dia 25 de março um levante de marinheiro agitou o Rio de Janeiro; ao anistiar os bagunceiros, Jango deu o motivo que os militares queriam, ele deu inicio a revolta das forças armadas, que alegaram que Jango com essa decisão, quebrava  a disciplina e a hierarquia militar.



 EDITORIAL “BASTA!” DO CORREIO DA MANHÃ DE 31 DE MARÇO DE 1964
Basta!
Até que ponto, o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de decretos, leis, a função do poder legislativo?
Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verifica presente na classe produtora? Até que ponto deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até que ponto quer desagregar as Forças Armadas, por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?
Não é possível continuar neste caos, em todos os sentidos e em todos os setores, tanto no lado administrativo, como no lado econômico financeiro.
Basta de farsa! Basta da guerra psicológica que o próprio governo desencadeou, com o objetivo de convulsionar o país e levar avante a sua política continuísta. Basta de demagogia, para que realmente se possam fazer as reformas de base. Quase todas as medidas tomadas pelo Sr. João Goulart, nestes últimos tempos com grande estardalhaço, mas inexeqüíveis, não têm outra finalidade, senão a de enganar a boa fé do povo, que, aliás, não se enganará.
Não é tolerável esta situação calamitosa, provocada artificialmente pelo governo, que estabeleceu a desordem generalizada, desordem esta que cresce em ritmo acelerado e ameaça sufocar todos as forças vivas do país. Não contente de intranqüilizar o campo com o decreto da Supra, agitando igualmente os proprietários e camponeses, de desvirtuar a finalidade dos sindicatos, cuja missão é a das reivindicações de classe, agora estende a sua ação deformadora às Forças Armadas. Destruindo de cima a baixo a hierarquia e a disciplina, o que põe em perigo o regime e a segurança nacional.
A opinião pública recusa uma política de natureza equívoca, que se volta contra as instituições cuja guarda deveria caber ao próprio Governo Federal. Queremos o respeito à Constituição, queremos as reformas de base votadas pelo Congresso, queremos a intocabilidade das liberdades democráticas, queremos a realização das eleições em 1965. Se o Sr. João Goulart não tem a capacidade para exercer a Presidência da República e resolver os problemas da Nação dentro da legalidade constitucional, não lhe resta outra saída senão a de entregar o governo ao se legítimo sucessor. É admissível que o Sr. João Goulart termine o seu mandato de acordo com a Constituição; este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 seria compensador para a democracia. Mas, para isso, o Sr. João Goulart terá de desistir de sua política atual, que está perturbando uma Nação em desenvolvimento e ameaçando levá-la à guerra civil.
A Nação não admite golpe nem contragolpe, quer consolidar o processo democrático para a concretização das reformas essenciais de sua estrutura econômica. Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, que desencadeie a luta contra o Congresso, censure o rádio, ameace a imprensa e com ela todos os meio de manifestação do pensamento, abrindo caminho à ditadura. Os Poderes Legislativo e Judiciário, as classes armadas, as forças democráticas devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentem contra o regime.
O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual, agora basta!
Fonte: Correio da Manhã, 31 mar. 1964. p. 1.



Seis dias depois o general Mourão Filho deslocou tropas militares para o distrito federal. Por todo o país, os militares exigiam o afastamento do presidente;
No dia 1° de abril de 1964, Jango foi deposto pelos militares, e assim entra em  colapso do populismo no Brasil.

   


(General Mourão Filho )