quinta-feira, 11 de agosto de 2011

(continua...)

Em 1976, os militares decretaram a Lei Falcão, que restringia o uso dos meios de comunicação para debates político. Assim, os candidatos foram proibidos de participar ao vivo de transmissões de rádio e televisão. No ano seguinte, numa tentativa de frear o crescimento da oposição, o presidente Geisel, após determinar o fechamento do Congresso, instituiu  o Pacote de Abril que estabeleceu a eleição indireta para um terço do Senado Federal, aumentou o número de deputados dos estados das regiões Norte e Nordeste e modificou os estatutos da corrida eleitoral para governadores estaduais.

Lei Falcão -   
Lei nº 6.339, de 1º de julho de 1976, ficou muito conhecida por esse nome devido a seu criador, o então Ministro da Justiça Armando Falcão.
Esta deu uma nova redação ao art. 250 do Código Eleitoral, determinando que, na propaganda eleitoral, os partidos se limitassem a mencionar a legenda, o currículo e o número do registro do candidato na Justiça Eleitoral, bem assim a divulgar, pela televisão, sua fotografia, podendo ainda mencionar o horário e o local dos comícios.
O objetivo desta lei era tido como sendo, entre outros, o de evitar que o horário eleitoral gratuito viesse a ser utilizado como uma forma de criticar o regime militar daquela época. Além de tentar diminuir a simpatia do eleitor pelo partido oposicionista da época o então MDB - Movimento Democrático Brasileiro. Entretanto, após análise mais contextual, percebe-se um objetivo mais prático e condizente com as características políticas da época, características essas presentes até hoje no cenário político brasileiro. Tratava-se de minorar, através da drástica padronização da propaganda política dos candidatos, a influência negativa do poder econômico nos telespectadores-eleitores. Assim, candidatos mais abonados ou de partidos políticos mais ricos seriam apresentados ao público votante de forma exatamente igual a candidatos mais pobres ou de partidos com menor capacidade econômica.
A partir de 1985, as disposições sobre propaganda gratuita no rádio e na televisão passaram a ser reguladas pela legislação regulamentadora de cada eleição. A Lei nº 9.504/97, art. 107, revogou totalmente o art. 250 do Código Eleitoral e atualmente regulamenta a propaganda eleitoral no país.




 Pacote de Abril -

Pacote de Abril foi um conjunto de leis outorgado em 13 de abril de 1977, pelo então Presidente da República do Brasil, Ernesto Geisel que dentre outras medidas fechou temporariamente o Congresso Nacional. A imprensa chamou este conjunto de leis de Pacote de Abril. As alterações na constituição foram feitas pelo que se denominou "a constituinte do Alvorada".
Este pacote constituía de uma emenda constitucional e de seis decretos-leis que uma vez outorgados alteravam as futuras eleições. Para o pleito de 1978 seriam renovados dois terços do Senado, porém o temor do governo quanto a um novo revés como em 1974 quando perdeu na maioria dos estados, fez com que uma nova regra garantisse a maioria governista na Câmara Alta do país: metade das vagas em disputa seria preenchida pelo voto indireto do Colégio Eleitoral cuja composição comportava os membros da Assembleia Legislativa e delegados das Câmaras Municipais. Assim, um terço dos senadores não foram sufragados pelo voto direto e sim referendados após uma indicação do presidente da República, os chamados senadores biônicos. Esta medida visava garantir aos militares uma maior bancada no Congresso Nacional. O "pacote" também estabelecia a extensão do mandato presidencial de cinco para seis anos, a manutenção de eleições indiretas para governador e o aumento da representação dos estados menos populosos no Congresso Nacional.









O governo de Geisel

O governo de Geisel e a crise do “milagre” econômico
A crise do milagre econômico casou profundas mudanças na política brasileira. Nas eleições parlamentares de 1974, o MDB saiu vitorioso, Com o fim da censura, o partido concentrou sua campanha nos meios de comunicação para congregar a oposição. A estratégia deu certo e, com 54% dos votos, o MDB conseguiu eleger no Senado lideranças de importantes estados, como Itamar Franco (MG), Saturnino Braga (RJ) e Oreste Quércia (SP).
O general Ernesto Geisel, iniciou seu governo  prometendo iniciar uma flexibilização do regime por meio de uma política de distensão, diminuindo a censura e a repressão política. Pra Geisel, a ditadura ilimitada colocava em risco a segurança nacional.
O presidente mostrava-se  preocupado com as tensões existentes na sociedade diante de um sistema tão autoritário e tentava,com o início da abertura, ganhar apoio da oposição. Arquitetada por Golbery do Couto e Silva, responsável pelo Gabinete Civil da Presidência da República, a política de distensão tinha o objetivo de implementar uma “democracia relativa”. Ou seja, abrir espaço para a oposição particular politicamente, mas sem abrir mão do controle militar e das medidas que poderiam a qualquer momento suspender as garantias individuais aos cidadãos.

(presidente Geisel)


 (Charge do presidente Geisel)






Crise do “milagre” econômico
Quando Geisel subiu ao poder, a euforia do tal “milagre” econômico sucumbia-se à crise mundial do capitalismo. Em 1973, os países árabes membros da Organização dos Países Exportadores  de Petróleo (Opep), controladores da maior parte da produção mundial de petróleo, suspenderam SUS exportações em represália ao apoio dado pelas potências ocidentais a Israel na Guerra do Oriente Médio.
Os efeitos da medida, que triplicou o preço do petróleo no mercado mundial,  abalaram os países que dependiam da importação maciça do produto, como era o caso do Brasil. Tendo a indústria automobilística como carro-chefe do “milagre” econômico, o país era obrigado a importar 80% do petróleo de que necessitava.
Com a crise e a conseqüente desvalorização do dólar, o Brasil viu suas exportações diminuírem ao mesmo tempo em que as importações continuavam em ritmo crescente, o que levou a um déficit da balança comercial brasileira. A inflação, por sua vez, chegou a 110% em 1980. Os aumentos do custos de vida, do  arrocho salarial e do desemprego contribuíram para debilitar ainda mais a população brasileira.
A crise do petróleo provocou uma aceleração da taxa de inflação no mundo todo e principalmente no Brasil, onde passou de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. O crescimento diminuiu no período 1974-1979 passando a 6,5% em média; na época do "milagre" as taxas de crescimento eram, em média, superiores a 10% anuais, tendo alcançado picos de 13% anuais.A balança comercial brasileira, a partir de 1974 , apresentou enormes défices causados principalmente pela importação de petróleo, que ultrapassaram os 4 bilhões de dólares ao ano. A capacidade de geração de divisas tornou-se insuficiente para sustentar o ritmo do crescimento. No final dessa década, a inflação chegou a 94,7% ao ano; em 1980 já era de aproximadamente 110 %, e em 1983 alcançou o patamar de 200%.
A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-econômica da ditadura militar brasileira, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anti-comunistas autoritários na América Latina.
A dívida externa brasileira chegou a US$ 90 bilhões. Para pagá-la, eram usados 90% da receita oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica que duraria até a década de 1990 e que tem como maior fruto o desemprego, que se agravou com o passar dos anos.





(Itamar Franco)


 (Saturnino Braga)


(Oreste Quércia)

O resultado das eleições provocou a ira dos militares. O PCB, que fora um dos sustentáculos da campanha emedebista e cujos integrantes haviam participado da luta armada, tornou-se o principal alvo da repressão política, sendo a maioria de seus militantes presa e torturada.




Em 25 de outubro de 1975, o chefe de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladimir Herzog, foi encontrado morto no DOI-codi. Embora as suspeitas recaíssem sobre a tese d assassinato, para os militares, ele havia se enforcado. Segundo a nota oficial do DOI-codi , Herzog havia” se conscientizado da sua situação e estava arrependido de sua militância”. Em janeiro de 1976, foi a vez do metalúrgico Manuel Fiel Filho ser torturado e morto no DOI-codi.

(Corpo do Jornalista Vladimir Herzog)

O governo de Medici

O governo de Médici:
o auge da ditadura e o “milagre” econômico

Como Costa e Silva teve que se retirar da presidência, Médici foi indicado ao cargo. Assim que assumiu a presidência, o general Médici declarou ser favorável a retirada do repressão e o estabelecimento do regime democrático. Entretanto, seu governo marcou o auge da censura e da repressão política no país; Mesmo assim, Médici ganhou um enorme prestígio popular, pois em seu mandato que a economia brasileira passava por um período de extremo crescimento, que ficou conhecido como o “milagre’ econômico. A queda da inflação e a maior disposição de bens de consumo garantiram votos de confiança do povo a Médici, seu governo realizou um forte controle dos meios de comunicação, proibindo qualquer contestação ao regime e propagandeando as ações do governo.

(Cartaz usado no Governo de Medici)

 

(Presidente Medici)



 (Charge de Medici)

O " Milagre" Econômico

 "milagre econômico brasileiro" é a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico ocorrido durante a Regime militar no Brasil, também conhecido pelos oposicionistas como "anos de chumbo", especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. Nesse período áureo do desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza.
Como se iniciou
Após o governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961, no qual o Brasil passou por acelerado crescimento econômico graças ao Plano de Metas - o programa "cinquenta anos em cinco" - que era baseado na política de substituição de importações sob a inspiração da CEPAL, e com a construção de Brasília, surgiu uma forte pressão inflacionária no País, já sentida no final do governo JK e que se agravou com a renúncia de Jânio Quadros e com os impasses institucionais que marcaram o período de João Goulart (1961-1964). Tais fatos fizeram com que se elevassem os défices do governo de tal forma que se formou uma forte inflação de demanda.
Logo após o Golpe Militar que se seguiu em abril de 1964, no início do governo Castelo Branco, foi criado um primeiro Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG, com dois objetivos básicos: formular políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas estruturais, que permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários causados pela política de substituição de importações e das dificuldades que se colocavam ao crescimento econômico; o que requeria, agora, que fosse dado um segundo passo no processo: a expansão da então pequena indústria de base (siderurgia, energia, petroquímica) para evitar que o aumento da produção de bens industriais de consumo final, ampliada pela política de substituição de importações, provocasse um aumento insustentável nas importações brasileiras de insumos básicos, que a indústria nascente consumia de forma crescente.
Após um período inicial recessivo, de ajuste, que foi de março de 1964 até fins de 1967 - com a reorganização do sistema financeiro, a recuperação da capacidade fiscal do Estado e com uma maior estabilidade monetária - iniciou-se em 1968 um período de forte expansão econômica no Brasil.
De 1968 a 1973 o PIB brasileiro cresceu a uma taxa média acima de 10% ao ano, a inflação oscilou entre 15% e 20% ao ano e a construção civil cresceu, em média, 15% ao ano. Durante essa fase, o grande arquiteto e executor das políticas econômicas no Brasil foi Antônio Delfim Netto, que chegou a ser chamado de "super-ministro".

O papel das estatais nesse processo
Ministro Delfim
Em 1967, assume o comando da economia Antônio Delfim Netto e seu interino José Flávio Pécora. Para Delfim, o PAEG teria provocado uma queda da demanda indesejada, causando recessão e redução do nível de empregos. Segundo Delfim, o desenvolvimento interno do mercado brasileiro poderia por si só gerar crescimento. Nesse contexto de recessão, o governo adotou medidas de inspiração keynesiana, aumentado o investimento nas empresas estatais, agora recapitalizadas graças à política da chamada verdade tarifária (isto é, fixação das tarifas sem influências políticas), que as tornavam lucrativas e competitivas -
conceito esse que foi amplamente defendido pelos economistas e intelectuais brasileiros da época.
O Estado investiu muito na indústria pesada, siderurgia, petroquímica, construção naval e geração de energia hidrelétrica. O sucesso dessa política econômica logo se tornou evidente: o crescimento da produção de bens duráveis de consumo no Brasil daquele período alcançou a taxa média de 23,6% ao ano, e o de bens de capital 18,1%. As empresas estatais cresceram e, bem administradas, obtiveram lucros imensos.

Concentração de renda

A popularidade de Médici refletiu nas eleições parlamentares de 1970 e municipais de dois anos depois. A Arena ( partido político que apoiava o governo), ganhou na maioria dos colégios eleitorais; Foi um sinal para que a oposição voltasse a se organizar politicamente, deixando de lado a estratégia da luta armada, aniquilada pela repressão em 1973.  Era o ano do governo militar se preparar para a sucessão presidencial. Representantes da linha da Sorbonne, o general Ernesto Geisel foi o escolhido.  Num ato um pouco audacioso a MDB, lança a anticandidatura de Ulysses Guimarães à presidência (procurar cartazes). Era chamada de anticandidatura, pois a oposição estava consciente que não haveria jeito de ganhar, porém foi a forma encontrada de denuncia os desmandos do regime militar; um jeito de percorrer o país em passeatas e manifestações . Em 15 de janeiro de 1974, a Arena elegeu Geisel, como “vencedor” a anticandidatura de Ulysses Guimarães.
Esse forte crescimento econômico do Brasil, contribuiu, de forma paradoxal, para agravar ainda mais sua desigualdade sócio-econômica.
Como o Brasil necessitava - para crescer - de aumentar sua poupança interna, prevaleceu um conceito segundo o qual não se deveria adotar políticas econômicas de distribuição de renda já que as classes de renda mais elevada poupavam mais que as de baixa renda. Assim, segundo essa teoria, se a renda nacional fosse dirigida aos mais pobres, a poupança interna cairia (baseado no princípio econômico de que a propensão para consumir é maior nas classes de renda mais baixa).
Ficaram famosas as explicações dadas por Delfim na televisão, em que defendia: "É preciso primeiro aumentar o 'bolo' (da renda nacional), para depois reparti-lo"[
Com isso adotou-se uma política salarial que os sindicatos apelidaram de "arrocho salarial". O salário mínimo real, apesar de cair menos do que no período entre 1964 e 1966, quando sofreu uma diminuição de 25%, baixou mais 15% entre 1967 e 1973.
Dessa forma, as vantagens do crescimento econômico não foram igualmente distribuídas pelas diversas camadas da população e ficaram concentradas, principalmente, nos capitalistas e nas classes sociais de renda mais alta. O salário mínimo continuou a ser achatado; graças à situação de "pleno emprego", que havia no período, os operários mais especializados conseguiram, na sua maioria, "descolar" seus salários do salário mínimo oficial e foram, assim, parcialmente beneficiados pelo crescimento econômico ocorrido.


A correção monetária das poupanças protegia, contra os efeitos da inflação, a classe média e média alta - que tinham contas bancárias - mas proteção não havia para as classes muito pobres, que viam seu dinheiro desvalorizar dia a dia nos seus bolsos. Isso provocava uma transfrência de renda das classes mais baixas para as mais altas, contribuindo para uma maior concentração de renda.
Os dados de 1970 mostram que os 5% mais ricos da população aumentaram sua participação na renda nacional em 9% (em relação a 1960) e detinham 36,3% da renda nacional. Já a faixa dos 80% mais pobres diminuíra sua participação em 8,7% no período, e ficara com 36,8% da renda. Apesar do rápido crescimento econômico e da condição de pleno emprego que isso provocou, houve um "empobrecimento dos mais pobres" eles simplesmente não aumentaram sua renda, que era corroída em valor real pela inflação.:






O crescimento econômico foi vigoroso: o consumo de energia elétrica crescia 10% ao ano, as montadoras de veículos produziram, em 1970, 307 mil carros de passeio, o triplo de 1964 Os trabalhadores tinham em casa 4,58 milhões de televisores, contra 1,66 milhão em 1964Viveu-se um ciclo inédito de desenvolvimento no Brasil; o governo divulgava estes números na sua publicidade pela TV, e eles constituíam a viga mestra da política de sustentação publicitária do governo militar; criavam-se motes de "Brasil Potência", "Brasil Grande" e o mais famoso deles, "Brasil, ame-o ou deixe-o" ("slogan" amplamente divulgado, sob o patrocínio do Centro de Informações do Exército (CIE), que distribuía gratuitamente os adesivos nas cores verde-amarela, para serem exibidos, com orgulho, nos pára-choques de muitos carros particulares. Os opositores ao regime viam nesse mote mais uma "patriotada").


[...]Uma das imagens mais sólidas e duradouras do presidente Médice é a de torcedor de futebol, rádio de pilha colado no ouvido. A televisão , particularmente, prolifera rapidamente nessa época. É o principal instrumento de promoção do governo e de seu projeto de desenvolvimento e segurança nacional.(...) É o tempo do "Brasil, conte comigo"; do "Ninguém segura este país!"; do "Pra frente, Brasil!", um jingle popularíssimo, relacionado com o futebol; do "Brasil: ame-o ou deixe-o". A censura cuidava do controle e neutralização das críticas e de evitar nóticias negtivas. Para os donos do poder, tudo parecia muito bem. Economia "milagrosa", popularidade, oposição legal sob controle, guerilha em declínio, prestígio.
Sentiam-se no melhor dos mundos, fazendo o governo da prosperidade e da redenção nacional [...].

(Ronaldo Costa Couto, História indiscreta da ditadura
e da abertura: Brasil: 1964-1985.
Rio de Janeiro, Recorde, 1999, pp.114-116)


Algumas Imagens do presidente Medici com os Jogadores do time
 vencedor da Copa de 1970.










 (continuação)

O ano de 1967 foi um ano muito importante para a cultura brasileira. Na produção cinematográfica, o cineasta Glauber Rocha lançava Terra em Transe, confirmando a tendência do chamado Cinema Novo: a produção de filmes que abordassem a calamitosa realidade nacional, deixando de lado os padrões cinematográficos da indústria estrangeira, superando assim a  dependência cultural .


(Cineasta Glauber Rocha)


Título original: (Terra em Transe)
Lançamento: 1967 (Brasil)
Direção: Glauber Rocha
Duração: 115 min
Gênero: Drama








  Sinopse: 

Na fictícia República de Eldorado, Paulo Martins é um jornalista idealista e poeta ligado ao político conservador em ascensão e tecnocrata Porfírio Diaz e sua amante meretriz Silvia, com quem também mantêm um caso formando um triângulo amoroso. Quando Porfírio se elege senador, Paulo se afasta e vai para a província de Alecrim, onde conhece a ativista Sara. Juntos eles resolvem apoiar o vereador populista Felipe Vieira para governador na tentativa de lançarem um novo líder político, supostamente progressista, que guie a mudança da situação de miséria e injustiça que assola o país. Ao ganhar a eleição, Vieira se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas locais que o financiaram e não faz nada para mudar a situação social, o que leva Paulo, desiludido, a abandonar Sara e retornar à capital e voltar a se encontrar com Sílvia. Se aproxima de Júlio Fuentes, o maior empresário do país, e lhe conta que o presidente Fernandez tem o apoio econômico de uma poderosa multinacional que quer assumir o controle do capital nacional. Quando Diaz disputa a Presidência com o apoio de Fernandez, o empresário cede um canal de televisão para Paulo que o usa para atacar o candidato. Vieira e Paulo se unem novamente na campanha da presidência até que Fuentes trai ambos e faz um acordo com Diaz. Paulo quer partir para a luta armada mas Vieira desiste.
O filme pode ser lido como uma grande parábola da história do Brasil no período 1960-66, na medida em que metaforiza em seus personagens diferentes tendências políticas presentes no Brasil no contexto. Realiza uma exaustiva crítica de todos aqueles que participaram desse processo, incluindo as diferentes correntes da chamada esquerda brasileira. Isto foi um dos motivos pelos quais foi tão mal recebido pela crítica e pelos intelectuais nacionais.

 Elenco:
  • Jardel Filho .... Paulo Martins, representa os intelectuais que apóiam a revolução social
  • Glauce Rocha .... Sara, ativista politica
  • José Lewgoy .... Felipe Vieira, político populista
  • Paulo Autran.... Porfírio Diaz, representa os tecnocratas anticomunistas e favoráveis ao domínio imperialista do capital americano
  • Paulo Gracindo .... Júlio Fuentes, representa o empresariado local e corrupto
  • Francisco Milani .... Aldo, apoia a luta armada
  • Hugo Carvana .... Álvaro
  • Jofre Soares.... Padre Gil representa o apoio da igreja aos políticos populistas
  • Danuza Leão .... Sílvia
  • Paulo César Peréio .... estudante
  • Darlene Glória... Mulher
Equipe técnica e artística:

A direção de fotografia coube a Luis Carlos Barreto e Dib Lufti; a música foi de Sérgio Ricardo; e a montagem de Eduardo Escorel. Luís Carlos Barreto, Carlos Diegues e Raimundo Wanderley, juntos a Glauber Rocha, foram os produtores associados no filme.

Principais prêmios e indicações:

Festival de Cannes 1967 (França)
  • Glauber Rocha recebeu os prêmios Luis Buñuel e Fipresci no XX Festival.

Festival de Havana 1967 (Cuba)
  • Recebeu o Prêmio da Crítica e o de Melhor Filme.

Festival de Locarno 1967 (Suiça)
  • Glauber Rocha recebeu o prêmio Grand Prix.

Festival de Cinema de Juiz de Fora (Brasil)
  • Venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (José Lewgoy), Melhor Atriz (Glauce Rocha) e Menção Honrosa (Luiz Carlos Barreto).

Prêmio Governo do Estado de São Paulo (Brasil)
  • Recebeu os prêmios de Melhor Atriz (Glauce Rocha), Melhor Argumento (Glauber Rocha), Melhor Fotografia (Dib Lutfi) e Melhor Montagem (Eduardo Escorel).

Curiosidades

  • Filme alegórico, Terra em Transe enfrentou, na época, problemas com a censura estabelecida no Brasil, ao mostrar um fictício país latino-americano, denominado Eldorado, governado pelo déspota Diaz.
  • Apesar do que se pensar, a cidade onde toda a trama se passa, Alecrim, não é a capital de Eldorado, como se pode constatar no diálogo em que Vieira apresenta Sílvia a Martins, logo ao início do filme (0°20'54).
  • Em abril de 1967, o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado subversivo e irreverente com a Igreja e só foi liberado com a condição de que fosse dado um nome ao padre interpetrado por Jofre Soares.
Cenas do Filme:







(Cena Final)



algumas Imagens do filme :










  • Com o AI-5 de 1968 e conseqüente aumento da censura, a MPB sofre um grande revés. As composições que criticavam ao regime tiveram que receber novas linguagens e novas expressões de duplo sentido. Apesar disso, muitos artistas passaram a ser perseguidos e vários se exilaram em países da Europa e da América do Sul.

Opinião: Eu nunca vi este filme, e nem nunca tinha ouvido falar sobre ele, pelas cenas que vi. não gostei muito, mas isto pode ser pelo Filme ser antigo, isso o torna monotono e tedioso, mas selecionei uma critia na net.

CRÍTICA - TERRA EM TRANSE é um filme que marcou o cinema nacional pela sua construção estética e seu conteúdo. Lançado em plena ditadura militar, Glauber Rocha molda seu filme através de uma câmera nervosa e inquieta representando de alguma maneira o contexto caótico em que estava inserida a população brasileira – e grande parte latino-americana.
O personagem principal Paulo Martins (Jardel Filho) beira à desordem psicológica e social estando entre o povo e dois candidatos a um cargo no governo – um indeciso em manifestar suas ideologias publicamente e outro claramente autoritário. Desta forma, Glauber utiliza abusos de closes e primeiros-planos que capta os mais profundos sentimentos desprovidos de lucidez do personagem. Este um jornalista revoltado com a situação abusiva de um novo governante no Eldorado e tendo de observar quase passivamente todos os acontecimentos em torno de si.
A câmera nunca pára. Nas mãos de Glauber, ela se movimenta para todos os lados e tenta compreender todos os personagens através de certa histeria generalizada, mas de maneira nenhuma os apresentando gratuitamente. A conjuntura toda está próxima de um abismo e seus personagens podem cair de uma vez, portanto, existe uma profusão de palavras em tons arbitrariamente altos de som.
Parece que ninguém consegue se entender. A tomada de poder é abusiva e o povo anda de um lado para outro sem saber o que fazer. E, sem parar, lá está a câmera de Glauber invadindo os problemas psicológicos do Estado – ou de uma pessoa só – contra todo o resto – os subservientes. Todos estão em transe, principalmente as camadas populares que seguem o candidato em que acreditam – numa forma acéfala e despolitizada. Eles sempre estão à margem da tela; em vários momentos são jogados para fora dela.
É justamente dessa forma que Glauber prefere conduzir seu filme, não da maneira linear comum e ordinária. A fragmentação dos acontecimentos causa tensão. As cenas têm tensão para se confrontar; elas disputam entre si um espaço para aparecer, assim como a politicagem e os interesses econômicos disputam o poder. Portanto, esse jornalista a quem acompanhamos se torna uma peça em convulsão psicológica diante de muitos outros personagens na mesma circunstância e o cineasta “joga” a câmera na cara de todos eles para demonstrar isso.

Outros Filmes de Sucesso


O Bandido da Luz Vermelha









O Bandido da Luz Vermelha é um filme brasileiro de 1968, do gênero policial, dirigido por Rogério Sganzerla. Inspirado nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, apelidado de "Bandido da Luz Vermelha". É considerado o maior representante do cinema marginal. Sganzerla tinha apenas 22 anos quando realizou o filme.









Sinopse

Jorge, um assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de "Bandido da Luz Vermelha", desconcerta a polícia ao utilizar técnicas peculiares de ação. Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possui as vítimas, tem longos diálogos com elas e protagoniza fugas ousadas para depois gastar o fruto do roubo de maneira extravagante.
Se relaciona com Janete Jane, conhece outros assaltantes, um político corrupto e acaba sendo traído. Perseguido e encurralado, encontra somente uma saída para sua carreira de crimes: o suicídio.

Elenco
  • Paulo Villaça.... Jorge, o bandido da luz vermelha
  • Helena Ignez.... Janete Jane
  • Sérgio Hingst.... milionário
  • Luiz Linhares... delegado Cabeção
  • Sônia Braga.... vítima
  • Ítala Nandi
  • Hélio Aguiar.... narrador
  • Mara Duval.... narradora
  • Pagano Sobrinho.... J.B. da Silva
  • Roberto Luna.... Lucho Gatica
  • Sérgio Mamberti.... passageiro do táxi
  • Carlos Reichenbach.... homem que sai do cinema com a camera fotografica na mão
  • Renato Consorte.... apresentador de televisão
  • Maurice Capovilla.... gângster
  • Neville de Almeida
  • Miriam Mehler.... vítima
O roteiro



O roteiro, de autoria do próprio diretor, é livremente baseado na história de João Acácio Pereira da Costa, bandido catarinense que, em 1967, atormentou a polícia paulista.
O roteiro denota uma familiaridade muito grande com a história contada, com a narração à maneira dos programas policiais de rádio. Ele é bastante minucioso ao mostrar os "anos de aprendizagem" do Luz, na apresentação do delegado Cabeção e nas exatas palavras do casal de locutores que comentam os acontecimentos da cidade em que é transformada São Paulo no filme.

Os créditos iniciais

Como a maioria dos filmes, O bandido da luz vermelha inicia com os créditos que indicam a produtora, o título, o diretor, os atores principais, entre outros. Os dados são fornecidos por um luminoso que faz desfilar as palavras diante da câmera. Ao apresentar o diretor, ao invés de "um filme de…" ou "dirigido por…" aparece "um filme de cinema de…".
Após a aparição do nome do diretor nos créditos, entram os nomes dos atores, iniciando com o de Paulo Vilaça, intérprete do bandido. Concomitante ao aparecimento de seu nome, surge uma voz em off, que é a voz do "Bandido da Luz Vermelha", para um curto monólogo que inicia com: "Eu sei que fracassei". Finda a apresentação dos atores, o monólogo do bandido prossegue sobre a primeira sequência: crianças miseráveis brincam num monte de lixo com armas, um plano geral da cidade de São Paulo, crianças assaltando uma favela, enquanto a voz do bandido fornece informações biográficas a seu respeito.

 A locução radiofônica

Os atores que interpretam os locutores de rádio receberam instruções de Rogério e de Silvio Renoldi, responsável pela montagem do filme, para "carregar no tom debochado" de narração policial sensacionalista. Os locutores de rádio acompanham o filme e são ouvidos pelos espectadores, mas não pelos personagens. Eles falam como jograis, numa paródia de programa policial popular de rádio, com as informações dramatizadas pela ênfase das entonações.

 Outros personagens do filme

Luis Linhares interpreta o "delegado Cabeção", ocupado com a morte e sobrevivendo dela. Sua trilha é paralela à do bandido. Acabam morrendo juntos, abraçados, e não há nisso qualquer ligação homossexual. O diretor não deixa por menos, presta-lhes uma homenagem, um coro fúnebre: o samba e o sangue.
Pagano Sobrinho, que interpreta "J.B. da Silva", é o político corrupto. Considerado oficialmente o cabeça da "Mão Negra", nada mais faz senão atender às exigências de tão alto encargo. Seu afilhado "Lucho Gatica", vivido por Roberto Luna, é um misto de brigão bem comportado e puxa-saco desabusado. A insinuante presença de Martin Bormann, o carrasco nazista que estaria vivendo na América Latina, evidencia os anseios da organização "Mão Negra".Não faltam ainda o "melhor advogado do Brasil", um guarda-costas e "Chico Laço", o conhecido repórter de Itapecerica da Serra.
"Janete Jane" é a prostituta que leva o espectador a penetrar no íntimo do bandido. O amor é, na vida do bandido, o momento de descuido que irá ocasionar uma ruptura na rotina de sangue.Além de todas as demais personagens, que são de muita importância, deve-se evidenciar a presença do disco voador, que aparece, providencialmente, para desviar as atenções do significado da morte de "Luz" e do fim da organização "Mão Negra" na vida nacional. Ele é o presente de grego oferecido ao povo.

O suicídio

Antes de chegar ao local no qual vai se matar, o bandido finge ter sido atingido por uma bala policial, levando a mão ao ombro pretensamente ferido e cambaleando às gargalhadas. Assim, ironiza a incompetência da polícia, que não conseguiu prendê-lo, nem conseguirá. Depois, um pouco adiante, envolve a cabeça e o torso com fios elétricos e, pisando numa grande chave elétrica (que inesperadamente encontra-se funcionando num monte de lixo na favela), morre eletrocutado.
O cadáver é descoberto por policiais displicentes que chamam o delegado, embora achem que esse indivíduo lamentável não pode ser o famoso bandido da luz vermelha. Chega o delegado, que inadvertidamente, pisa na mesma chave elétrica e morre estendido ao lado do bandido, pronunciando comicamente uma palavra dita no filme por um personagem: "Mamãe!".

Prêmios e indicações

Festival de Brasília 1968 (Brasil)
  • Venceu nas categorias de melhor figurino, melhor diretor, melhor montagem e melhor filme.
Cenas do FILME :




Algumas imagens do Filme :




Opinião: Pelo que percebi é um filme cheio de ação, um pouco revoltado de mais, mas para o contexto da epoca, era um filme que deve ter recebido um pouco de censura política.


Critica: O Bandido da Luz Vermelha, primeiro longa-metragem do jovem cineasta Rogério Sganzerla que com 22 anos inaugura no Brasil uma nova escola cinematográfica, o Cinema Marginal. Antes de se tornar diretor, Rogério já era respeitado como crítico de cinema do Jornal da Tarde e do Estadão. Com este filme ele define e inova os moldes estéticos de um tipo de cinema que não se preocupa com a claridade dos fatos, filmes que buscam explodir com linguagem e mostrar uma relação totalmente pessoal da imagem com o Cinema, a Política, a Arte e a Vida.


(Continuação...)


(Geraldo Vandré - 1968/1969)


(Atualmente)


(Erasmo Carlos - 1968/1969)



(Atualmente)


(Caetano Veloso - 1968/1969)



(Atualmente)


(Milton Nascimento - 1968/1969)


(Atualmente)



(Elis Regina - Anos Rebeldes)



(Foto mais recente)