quinta-feira, 11 de agosto de 2011

 (continuação)

O ano de 1967 foi um ano muito importante para a cultura brasileira. Na produção cinematográfica, o cineasta Glauber Rocha lançava Terra em Transe, confirmando a tendência do chamado Cinema Novo: a produção de filmes que abordassem a calamitosa realidade nacional, deixando de lado os padrões cinematográficos da indústria estrangeira, superando assim a  dependência cultural .


(Cineasta Glauber Rocha)


Título original: (Terra em Transe)
Lançamento: 1967 (Brasil)
Direção: Glauber Rocha
Duração: 115 min
Gênero: Drama








  Sinopse: 

Na fictícia República de Eldorado, Paulo Martins é um jornalista idealista e poeta ligado ao político conservador em ascensão e tecnocrata Porfírio Diaz e sua amante meretriz Silvia, com quem também mantêm um caso formando um triângulo amoroso. Quando Porfírio se elege senador, Paulo se afasta e vai para a província de Alecrim, onde conhece a ativista Sara. Juntos eles resolvem apoiar o vereador populista Felipe Vieira para governador na tentativa de lançarem um novo líder político, supostamente progressista, que guie a mudança da situação de miséria e injustiça que assola o país. Ao ganhar a eleição, Vieira se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas locais que o financiaram e não faz nada para mudar a situação social, o que leva Paulo, desiludido, a abandonar Sara e retornar à capital e voltar a se encontrar com Sílvia. Se aproxima de Júlio Fuentes, o maior empresário do país, e lhe conta que o presidente Fernandez tem o apoio econômico de uma poderosa multinacional que quer assumir o controle do capital nacional. Quando Diaz disputa a Presidência com o apoio de Fernandez, o empresário cede um canal de televisão para Paulo que o usa para atacar o candidato. Vieira e Paulo se unem novamente na campanha da presidência até que Fuentes trai ambos e faz um acordo com Diaz. Paulo quer partir para a luta armada mas Vieira desiste.
O filme pode ser lido como uma grande parábola da história do Brasil no período 1960-66, na medida em que metaforiza em seus personagens diferentes tendências políticas presentes no Brasil no contexto. Realiza uma exaustiva crítica de todos aqueles que participaram desse processo, incluindo as diferentes correntes da chamada esquerda brasileira. Isto foi um dos motivos pelos quais foi tão mal recebido pela crítica e pelos intelectuais nacionais.

 Elenco:
  • Jardel Filho .... Paulo Martins, representa os intelectuais que apóiam a revolução social
  • Glauce Rocha .... Sara, ativista politica
  • José Lewgoy .... Felipe Vieira, político populista
  • Paulo Autran.... Porfírio Diaz, representa os tecnocratas anticomunistas e favoráveis ao domínio imperialista do capital americano
  • Paulo Gracindo .... Júlio Fuentes, representa o empresariado local e corrupto
  • Francisco Milani .... Aldo, apoia a luta armada
  • Hugo Carvana .... Álvaro
  • Jofre Soares.... Padre Gil representa o apoio da igreja aos políticos populistas
  • Danuza Leão .... Sílvia
  • Paulo César Peréio .... estudante
  • Darlene Glória... Mulher
Equipe técnica e artística:

A direção de fotografia coube a Luis Carlos Barreto e Dib Lufti; a música foi de Sérgio Ricardo; e a montagem de Eduardo Escorel. Luís Carlos Barreto, Carlos Diegues e Raimundo Wanderley, juntos a Glauber Rocha, foram os produtores associados no filme.

Principais prêmios e indicações:

Festival de Cannes 1967 (França)
  • Glauber Rocha recebeu os prêmios Luis Buñuel e Fipresci no XX Festival.

Festival de Havana 1967 (Cuba)
  • Recebeu o Prêmio da Crítica e o de Melhor Filme.

Festival de Locarno 1967 (Suiça)
  • Glauber Rocha recebeu o prêmio Grand Prix.

Festival de Cinema de Juiz de Fora (Brasil)
  • Venceu nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (José Lewgoy), Melhor Atriz (Glauce Rocha) e Menção Honrosa (Luiz Carlos Barreto).

Prêmio Governo do Estado de São Paulo (Brasil)
  • Recebeu os prêmios de Melhor Atriz (Glauce Rocha), Melhor Argumento (Glauber Rocha), Melhor Fotografia (Dib Lutfi) e Melhor Montagem (Eduardo Escorel).

Curiosidades

  • Filme alegórico, Terra em Transe enfrentou, na época, problemas com a censura estabelecida no Brasil, ao mostrar um fictício país latino-americano, denominado Eldorado, governado pelo déspota Diaz.
  • Apesar do que se pensar, a cidade onde toda a trama se passa, Alecrim, não é a capital de Eldorado, como se pode constatar no diálogo em que Vieira apresenta Sílvia a Martins, logo ao início do filme (0°20'54).
  • Em abril de 1967, o filme foi proibido em todo território nacional, por ser considerado subversivo e irreverente com a Igreja e só foi liberado com a condição de que fosse dado um nome ao padre interpetrado por Jofre Soares.
Cenas do Filme:







(Cena Final)



algumas Imagens do filme :










  • Com o AI-5 de 1968 e conseqüente aumento da censura, a MPB sofre um grande revés. As composições que criticavam ao regime tiveram que receber novas linguagens e novas expressões de duplo sentido. Apesar disso, muitos artistas passaram a ser perseguidos e vários se exilaram em países da Europa e da América do Sul.

Opinião: Eu nunca vi este filme, e nem nunca tinha ouvido falar sobre ele, pelas cenas que vi. não gostei muito, mas isto pode ser pelo Filme ser antigo, isso o torna monotono e tedioso, mas selecionei uma critia na net.

CRÍTICA - TERRA EM TRANSE é um filme que marcou o cinema nacional pela sua construção estética e seu conteúdo. Lançado em plena ditadura militar, Glauber Rocha molda seu filme através de uma câmera nervosa e inquieta representando de alguma maneira o contexto caótico em que estava inserida a população brasileira – e grande parte latino-americana.
O personagem principal Paulo Martins (Jardel Filho) beira à desordem psicológica e social estando entre o povo e dois candidatos a um cargo no governo – um indeciso em manifestar suas ideologias publicamente e outro claramente autoritário. Desta forma, Glauber utiliza abusos de closes e primeiros-planos que capta os mais profundos sentimentos desprovidos de lucidez do personagem. Este um jornalista revoltado com a situação abusiva de um novo governante no Eldorado e tendo de observar quase passivamente todos os acontecimentos em torno de si.
A câmera nunca pára. Nas mãos de Glauber, ela se movimenta para todos os lados e tenta compreender todos os personagens através de certa histeria generalizada, mas de maneira nenhuma os apresentando gratuitamente. A conjuntura toda está próxima de um abismo e seus personagens podem cair de uma vez, portanto, existe uma profusão de palavras em tons arbitrariamente altos de som.
Parece que ninguém consegue se entender. A tomada de poder é abusiva e o povo anda de um lado para outro sem saber o que fazer. E, sem parar, lá está a câmera de Glauber invadindo os problemas psicológicos do Estado – ou de uma pessoa só – contra todo o resto – os subservientes. Todos estão em transe, principalmente as camadas populares que seguem o candidato em que acreditam – numa forma acéfala e despolitizada. Eles sempre estão à margem da tela; em vários momentos são jogados para fora dela.
É justamente dessa forma que Glauber prefere conduzir seu filme, não da maneira linear comum e ordinária. A fragmentação dos acontecimentos causa tensão. As cenas têm tensão para se confrontar; elas disputam entre si um espaço para aparecer, assim como a politicagem e os interesses econômicos disputam o poder. Portanto, esse jornalista a quem acompanhamos se torna uma peça em convulsão psicológica diante de muitos outros personagens na mesma circunstância e o cineasta “joga” a câmera na cara de todos eles para demonstrar isso.

Outros Filmes de Sucesso


O Bandido da Luz Vermelha









O Bandido da Luz Vermelha é um filme brasileiro de 1968, do gênero policial, dirigido por Rogério Sganzerla. Inspirado nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, apelidado de "Bandido da Luz Vermelha". É considerado o maior representante do cinema marginal. Sganzerla tinha apenas 22 anos quando realizou o filme.









Sinopse

Jorge, um assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de "Bandido da Luz Vermelha", desconcerta a polícia ao utilizar técnicas peculiares de ação. Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possui as vítimas, tem longos diálogos com elas e protagoniza fugas ousadas para depois gastar o fruto do roubo de maneira extravagante.
Se relaciona com Janete Jane, conhece outros assaltantes, um político corrupto e acaba sendo traído. Perseguido e encurralado, encontra somente uma saída para sua carreira de crimes: o suicídio.

Elenco
  • Paulo Villaça.... Jorge, o bandido da luz vermelha
  • Helena Ignez.... Janete Jane
  • Sérgio Hingst.... milionário
  • Luiz Linhares... delegado Cabeção
  • Sônia Braga.... vítima
  • Ítala Nandi
  • Hélio Aguiar.... narrador
  • Mara Duval.... narradora
  • Pagano Sobrinho.... J.B. da Silva
  • Roberto Luna.... Lucho Gatica
  • Sérgio Mamberti.... passageiro do táxi
  • Carlos Reichenbach.... homem que sai do cinema com a camera fotografica na mão
  • Renato Consorte.... apresentador de televisão
  • Maurice Capovilla.... gângster
  • Neville de Almeida
  • Miriam Mehler.... vítima
O roteiro



O roteiro, de autoria do próprio diretor, é livremente baseado na história de João Acácio Pereira da Costa, bandido catarinense que, em 1967, atormentou a polícia paulista.
O roteiro denota uma familiaridade muito grande com a história contada, com a narração à maneira dos programas policiais de rádio. Ele é bastante minucioso ao mostrar os "anos de aprendizagem" do Luz, na apresentação do delegado Cabeção e nas exatas palavras do casal de locutores que comentam os acontecimentos da cidade em que é transformada São Paulo no filme.

Os créditos iniciais

Como a maioria dos filmes, O bandido da luz vermelha inicia com os créditos que indicam a produtora, o título, o diretor, os atores principais, entre outros. Os dados são fornecidos por um luminoso que faz desfilar as palavras diante da câmera. Ao apresentar o diretor, ao invés de "um filme de…" ou "dirigido por…" aparece "um filme de cinema de…".
Após a aparição do nome do diretor nos créditos, entram os nomes dos atores, iniciando com o de Paulo Vilaça, intérprete do bandido. Concomitante ao aparecimento de seu nome, surge uma voz em off, que é a voz do "Bandido da Luz Vermelha", para um curto monólogo que inicia com: "Eu sei que fracassei". Finda a apresentação dos atores, o monólogo do bandido prossegue sobre a primeira sequência: crianças miseráveis brincam num monte de lixo com armas, um plano geral da cidade de São Paulo, crianças assaltando uma favela, enquanto a voz do bandido fornece informações biográficas a seu respeito.

 A locução radiofônica

Os atores que interpretam os locutores de rádio receberam instruções de Rogério e de Silvio Renoldi, responsável pela montagem do filme, para "carregar no tom debochado" de narração policial sensacionalista. Os locutores de rádio acompanham o filme e são ouvidos pelos espectadores, mas não pelos personagens. Eles falam como jograis, numa paródia de programa policial popular de rádio, com as informações dramatizadas pela ênfase das entonações.

 Outros personagens do filme

Luis Linhares interpreta o "delegado Cabeção", ocupado com a morte e sobrevivendo dela. Sua trilha é paralela à do bandido. Acabam morrendo juntos, abraçados, e não há nisso qualquer ligação homossexual. O diretor não deixa por menos, presta-lhes uma homenagem, um coro fúnebre: o samba e o sangue.
Pagano Sobrinho, que interpreta "J.B. da Silva", é o político corrupto. Considerado oficialmente o cabeça da "Mão Negra", nada mais faz senão atender às exigências de tão alto encargo. Seu afilhado "Lucho Gatica", vivido por Roberto Luna, é um misto de brigão bem comportado e puxa-saco desabusado. A insinuante presença de Martin Bormann, o carrasco nazista que estaria vivendo na América Latina, evidencia os anseios da organização "Mão Negra".Não faltam ainda o "melhor advogado do Brasil", um guarda-costas e "Chico Laço", o conhecido repórter de Itapecerica da Serra.
"Janete Jane" é a prostituta que leva o espectador a penetrar no íntimo do bandido. O amor é, na vida do bandido, o momento de descuido que irá ocasionar uma ruptura na rotina de sangue.Além de todas as demais personagens, que são de muita importância, deve-se evidenciar a presença do disco voador, que aparece, providencialmente, para desviar as atenções do significado da morte de "Luz" e do fim da organização "Mão Negra" na vida nacional. Ele é o presente de grego oferecido ao povo.

O suicídio

Antes de chegar ao local no qual vai se matar, o bandido finge ter sido atingido por uma bala policial, levando a mão ao ombro pretensamente ferido e cambaleando às gargalhadas. Assim, ironiza a incompetência da polícia, que não conseguiu prendê-lo, nem conseguirá. Depois, um pouco adiante, envolve a cabeça e o torso com fios elétricos e, pisando numa grande chave elétrica (que inesperadamente encontra-se funcionando num monte de lixo na favela), morre eletrocutado.
O cadáver é descoberto por policiais displicentes que chamam o delegado, embora achem que esse indivíduo lamentável não pode ser o famoso bandido da luz vermelha. Chega o delegado, que inadvertidamente, pisa na mesma chave elétrica e morre estendido ao lado do bandido, pronunciando comicamente uma palavra dita no filme por um personagem: "Mamãe!".

Prêmios e indicações

Festival de Brasília 1968 (Brasil)
  • Venceu nas categorias de melhor figurino, melhor diretor, melhor montagem e melhor filme.
Cenas do FILME :




Algumas imagens do Filme :




Opinião: Pelo que percebi é um filme cheio de ação, um pouco revoltado de mais, mas para o contexto da epoca, era um filme que deve ter recebido um pouco de censura política.


Critica: O Bandido da Luz Vermelha, primeiro longa-metragem do jovem cineasta Rogério Sganzerla que com 22 anos inaugura no Brasil uma nova escola cinematográfica, o Cinema Marginal. Antes de se tornar diretor, Rogério já era respeitado como crítico de cinema do Jornal da Tarde e do Estadão. Com este filme ele define e inova os moldes estéticos de um tipo de cinema que não se preocupa com a claridade dos fatos, filmes que buscam explodir com linguagem e mostrar uma relação totalmente pessoal da imagem com o Cinema, a Política, a Arte e a Vida.



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