sábado, 13 de agosto de 2011

(continuação...)

Nessa época, entretanto, a política brasileira passava por outras turbulências. Entre 1980 e 1981, diversos atentados terroristas, como seqüestros e cartas-bomba, organizados por grupos de extrema direita descontentes com a abertura política, colocaram em risco o retorno à democracia. O maior impacto aconteceu em 1° de maio de 1981, no Rio centro, Rio de Janeiro, durante um show de música que comemorava o Dia do Trabalho. No estacionamento do centro de exposições, uma bomba explodiu dentro de um carro ocupado por um sargento e um capitão do Exército. Segundo versões extra-oficiais, os militares iriam instalar a bomba no palco, mas, por acidente, ela foi detonada dentro do carro, matando o sargento. Até hoje, entretanto, nenhum dos envolvidos foi preso.

o que foi o RioCentro ?
O chamado atentado do Riocentro foi um frustrado ataque à bomba que seria perpetrado no Pavilhão Riocentro na noite de 30 de abril de 1981, por volta das 21 horas, quando ali se realizava um show comemorativo do Dia do Trabalhador.
As bombas seriam plantadas pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo então capitão Wilson Dias Machado, hoje coronel, atuando como educador no Colégio Militar de Brasília. Por volta das 21h00min, com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu dentro do carro onde estavam os dois militares, no estacionamento do Riocentro. O artefato, que seria instalado no edifício, explodiu antes da hora, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.
Na ocasião o governo culpou radicais da esquerda pelo atentado. Essa hipótese já não tinha sustentação na época e atualmente já se comprovou, inclusive por confissão, que o atentado no Riocentro foi uma tentativa de setores mais radicais do governo (principalmente do CIE e o SNI) de convencer os setores mais moderados do governo de que era necessária uma nova onda de repressão de modo a paralisar a lenta abertura política que estava em andamento.
Uma segunda explosão ocorreu a alguns quilômetros de distância, na miniestação elétrica responsável pelo fornecimento de energia do Riocentro. A bomba foi jogada por cima do muro da miniestação, mas explodiu em seu pátio e a eletricidade do pavilhão não chegou a ser interrompida.

















As conseqüências do “milagre”
Mundialmente, o choque do petróleo em 1979 desencadeou uma nova crise favorecendo ao aumento das taxas de juros internacionais e a disparada da inflação ao longo de seis anos. Foi neste momento que a dívida externa do Brasil passou da marca dos 100 bilhões de dólares.
Acertar as contas do “milagre” econômico. Esse era o cenário da economia brasileira no início da década de 80. Diante do aumento da taxa de juros do capital internacional, o Brasil via-se mergulhado numa profunda recessão. Apenas o pagamento da dívida externa representava mais de 50% do que o país ganhava com suas exportações. Em 1981, o PIB brasileiro apresentava índices negativos, o desemprego tomava conta do mercado interno e o déficit da balança comercial era cada vez mais alto.
Em 1982, o Brasil recorria ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para renegociar a dívida externa e obter recursos para o pagamento das contas públicas. Nos anos seguintes, as sete cartas de intenções emitidas pelo governo militar ao FMI não foram cumpridas Não teve jeito: a taxa de inflação duplicou de 1982 para 1983, e, deste ano, saltou de 200% ao ano para 250% em 1984. O rombo estava feito e o sonho de se chegar ao “Primeiro Mundo” encontrava-se cada vez mais distantes.
 
Para tentar dar jeito na situação econômica brasileira foi chamado novamente Delfim Neto para assumir o Ministério da Fazenda. O ministro lançou o III Plano Nacional de Desenvolvimento, mas que em nada obteve êxito, já que a recessão que assolava o mundo impedia a obtenção de novos empréstimos. Mas João Figueiredo continuou tentando combater a crise financeira, implementou um programa de incentivo à agricultura com o slogan Plante que o João garante! que foi capaz de modernizar o sistema agrícola do país e transformar o Brasil em um dos grandes exportadores de produtos agrícolas do mundo. No governo de Figueiredo também foram construídas quase três milhões de casas populares, recorde histórico até então, por meio de um programa de habitação.
Com tais medidas, João Figueiredo conseguiu que o Brasil saísse da recessão em seu último ano de governo e gerasse um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior a 7%. A elevação dos índices de exportação e a maior independência do mercado interno, especialmente em relação ao petróleo, fizeram com que a condição externa do Brasil atingisse relativo equilíbrio.

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