quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O governo de Geisel

O governo de Geisel e a crise do “milagre” econômico
A crise do milagre econômico casou profundas mudanças na política brasileira. Nas eleições parlamentares de 1974, o MDB saiu vitorioso, Com o fim da censura, o partido concentrou sua campanha nos meios de comunicação para congregar a oposição. A estratégia deu certo e, com 54% dos votos, o MDB conseguiu eleger no Senado lideranças de importantes estados, como Itamar Franco (MG), Saturnino Braga (RJ) e Oreste Quércia (SP).
O general Ernesto Geisel, iniciou seu governo  prometendo iniciar uma flexibilização do regime por meio de uma política de distensão, diminuindo a censura e a repressão política. Pra Geisel, a ditadura ilimitada colocava em risco a segurança nacional.
O presidente mostrava-se  preocupado com as tensões existentes na sociedade diante de um sistema tão autoritário e tentava,com o início da abertura, ganhar apoio da oposição. Arquitetada por Golbery do Couto e Silva, responsável pelo Gabinete Civil da Presidência da República, a política de distensão tinha o objetivo de implementar uma “democracia relativa”. Ou seja, abrir espaço para a oposição particular politicamente, mas sem abrir mão do controle militar e das medidas que poderiam a qualquer momento suspender as garantias individuais aos cidadãos.

(presidente Geisel)


 (Charge do presidente Geisel)






Crise do “milagre” econômico
Quando Geisel subiu ao poder, a euforia do tal “milagre” econômico sucumbia-se à crise mundial do capitalismo. Em 1973, os países árabes membros da Organização dos Países Exportadores  de Petróleo (Opep), controladores da maior parte da produção mundial de petróleo, suspenderam SUS exportações em represália ao apoio dado pelas potências ocidentais a Israel na Guerra do Oriente Médio.
Os efeitos da medida, que triplicou o preço do petróleo no mercado mundial,  abalaram os países que dependiam da importação maciça do produto, como era o caso do Brasil. Tendo a indústria automobilística como carro-chefe do “milagre” econômico, o país era obrigado a importar 80% do petróleo de que necessitava.
Com a crise e a conseqüente desvalorização do dólar, o Brasil viu suas exportações diminuírem ao mesmo tempo em que as importações continuavam em ritmo crescente, o que levou a um déficit da balança comercial brasileira. A inflação, por sua vez, chegou a 110% em 1980. Os aumentos do custos de vida, do  arrocho salarial e do desemprego contribuíram para debilitar ainda mais a população brasileira.
A crise do petróleo provocou uma aceleração da taxa de inflação no mundo todo e principalmente no Brasil, onde passou de 15,5% em 1973 para 34,5% em 1974. O crescimento diminuiu no período 1974-1979 passando a 6,5% em média; na época do "milagre" as taxas de crescimento eram, em média, superiores a 10% anuais, tendo alcançado picos de 13% anuais.A balança comercial brasileira, a partir de 1974 , apresentou enormes défices causados principalmente pela importação de petróleo, que ultrapassaram os 4 bilhões de dólares ao ano. A capacidade de geração de divisas tornou-se insuficiente para sustentar o ritmo do crescimento. No final dessa década, a inflação chegou a 94,7% ao ano; em 1980 já era de aproximadamente 110 %, e em 1983 alcançou o patamar de 200%.
A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-econômica da ditadura militar brasileira, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anti-comunistas autoritários na América Latina.
A dívida externa brasileira chegou a US$ 90 bilhões. Para pagá-la, eram usados 90% da receita oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica que duraria até a década de 1990 e que tem como maior fruto o desemprego, que se agravou com o passar dos anos.





(Itamar Franco)


 (Saturnino Braga)


(Oreste Quércia)

O resultado das eleições provocou a ira dos militares. O PCB, que fora um dos sustentáculos da campanha emedebista e cujos integrantes haviam participado da luta armada, tornou-se o principal alvo da repressão política, sendo a maioria de seus militantes presa e torturada.




Em 25 de outubro de 1975, o chefe de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladimir Herzog, foi encontrado morto no DOI-codi. Embora as suspeitas recaíssem sobre a tese d assassinato, para os militares, ele havia se enforcado. Segundo a nota oficial do DOI-codi , Herzog havia” se conscientizado da sua situação e estava arrependido de sua militância”. Em janeiro de 1976, foi a vez do metalúrgico Manuel Fiel Filho ser torturado e morto no DOI-codi.

(Corpo do Jornalista Vladimir Herzog)

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